quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Passear

Passeavam pela praça principal, devagar e sem muito o que conversar, já que o Tito falava sem parar:
- Esta cidade é tão suja e feia, tem uma preguiça em se ajeitar. Olha. Vê aquele banco ali? desde que me tenho por gente, aquele banco está com as madeiras frouxas e não há quem consiga sentar. Além de não haver uma árvore. Vê aquele prédio!? Não cai por milagre. E esse esgoto...
Cascável de cabeça baixa, taxeando a calçada, contando o número de ladrilhos. O Maranhão parecia estar sempre dois passos atrás, aonde o Tito apontava, ele olhava e nada dizia. Tito continuava:
- ...lembro uma vez que fui à Londres, a cidade foi incendiada, renovaram. A cidade foi bombardeada e o que fizeram? Uma cidade inteira toda renovada e é vibrante a arquitetura! Tudo em menos de cem anos. Imagina se tem uma guerra e esta cidade se torna alvo do inimigo, bombardeada...
- Tito - Maranhão tentava interromper, desta vez.
- ...acho que a cidade ficava pela consequência dos bombardeios: toda em ruínas...
- Tito!
- O que foi, homem?
- Nesta cidade, nunca acontecerá coisa alguma. Fica tudo por isso mesmo.
E Tito não conseguiu mais argumentar. Maranhão tinha razão, apesar de haver na expressão de Tito um ar de contestação. Como se aquela constatação roubasse o seu raciocínio. Foi quando Cascável parou:
- Nossa! Que silêncio...perdi as contas.

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