sábado, 26 de novembro de 2011

Pelo mundo...

Fomos à Dacar, Mauritânia e depois, Lisboa. Estamos em um lugar, que não sei exatamente o que é. Mas, pelo jeito, ainda é Portugal. Acho que vou à procura do Mascarenhas, é tempo de fazermos as pazes e esquecer as mágoas.
Já não suporto a presença do salvador de vidas, Osvaldo. Não que tenha algo contra ele, não o suporto mais. Há uma certa arrogância, uma atitude superior ao mundo que vivo.
Ele continua a salvar vidas, e eu? - que te importa? Não estou aqui para contar o que faço. Estou aqui para contar outras coisas ou coisa nenhuma... e isso remete-me os dizeres do Osvaldo, que, pouco a pouco, vai modificando o meu modo, sem eu nem pestanejar.
Certo dia, num desses lugares que nunca aprendemos o nome, muito menos o idioma, ele falou:
"Qualquer coisa é coisa nenhuma."
Eu não entendi. Contudo, todos à volta pareciam admirados... e há algo na voz dele, algo nos seus gestos, algo que nos faz apenas ouvir. Sem ter o que contestar. Ou arguir. Eu não compreendo, de fato.
O fato é que... ele anda pelos cantos, fala alto e utiliza bem as mãos ao falar. Todos escutam e ele assim, salva as vidas, no meio dos discursos. Tem sempre algo naquela maletinha, sempre uma pílula ou mesmo qualquer outra coisa. Eu fico me questionando onde ele arruma estas coisas, não me lembro de tê-lo visto fazer alguma lista ou comprar qualquer das coisas que poderiam faltar naquela maletinha preta.
Ele salva vidas como quem dá "bom dia" aos vizinhos. Faz isso com tanta naturalidade, que chega a causar-me uma inveja. E já não o suporto mais, não o entendo mais... apenas escuto. E me pergunto:
"Como ele consegue?"

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