quinta-feira, 22 de março de 2012

Ateu não-praticante e romano sem fé

Eu não faço o tipo dos que têm muita fé. Então, fui a um encontro dos que não têm fé. E vi que também não tinha esta ausência soberana de fé.
Portanto, devo ser um ateu não-praticante ou um cristão sem fé.
O propósito de minha vida, não tenho certeza. E, talvez, me conforta saber que alguém, além de mim, de minha própria existência, tenha um plano providencial.
Mas, não tenho certeza da existência metafísica e de que a minha alma é mesmo uma verdade. Ou mesmo se há a física, para ter que separarmos o que podemos e o que não podemos entender...
O meu fim é a morte, de qualquer forma. E, quando morrer, não sei te convencer que nunca mais vou existir ou que continuarei existindo só que de uma outra forma. Sei te dizer, hoje, que as duas possibilidades aterram-me.
Não saberei te dizer se quando meu corpo padeceu, a minha alma saiu ou que alguém veio me buscar. Não terei contato com isso. O meu corpo será passado, museu da minha vida. A minha alma será a lembrança dos poucos que convivi. Ou o contrário, o museu da minha é o meu corpo e a lembrança dos poucos é a minha alma.
Na verdade, nunca morri ou tive uma experiência sobrenatural. Não quero nenhuma das duas.

terça-feira, 13 de março de 2012

Pegar todas

Acabo de me deparar com esta frase: "Pegar todas é fácil. Quero ver é fazer feliz uma só, a vida inteira."
Pois, digo que as duas possibilidades separadamente definidas como objetivo, para mim, são impossíveis. Não há tempo de pegar todas e muito menos de fazer apenas uma só pessoa feliz. Geralmente, porque quando deixo uma feliz, o mundo todo ao redor fica feliz. E quando consigo pegar todas, certamente, deixarei pelo menos uma pessoa feliz a vida inteira, por pura possibilidade aritmética.
Assim como soa muito carente uma pessoa depende de outra para ser feliz uma vida inteira. Da mesma forma, que é muito carente a pessoa ter que ter todas as outras pessoas...
Para mim, são objetivos, portanto, inalcançáveis.
Ademais, parece ser o objetivo de todos. Fazer alguém feliz a vida inteira e também deixar todos que lhe conhecem feliz, uma coisa por causa da outra e a outra por causa de uma. Ou nenhuma das duas, que é o mais provável que aconteça.
E uma vida inteira pode ser um dia, um mês, dois anos ou um século. Mas, também uma vida pode não ser uma vida, se eu não conseguir fazer alguém feliz nem que seja por três minutos.
Tenho 36 anos e posso considerar que vivi uma vida inteira. Já conheço uma pessoa que nem existe mais e ainda me deixa feliz ou me deixou. Até hoje, quando lembro-me dela, eu estou feliz. Ou quando estou feliz, lembro-me dela.
Sou, na verdade, a impossibilidade ou a teimosia das duas propostas.

domingo, 11 de março de 2012

Certa vez, o diabo veio e ofereceu-lhe um pacto. Ao passo que tudo o que ele respondeu ao mal:
- Não venderei minha alma.
Alguma vez depois, veio, então, o deus e ofereceu-lhe um pacto. Ao passo que tudo o que ele respondeu ao bem:
- Não venderei minha alma.
Não se sabe, decerto, o que ele queria fazer com a sua alma. Contudo, sabia-se que não a venderia. Sua alma morre com ele.