Cascavel resolvia os papeis da casa, enquanto Maranhão ficava na televisão e o Tito, como sempre, falava [e bem alto]...
- Mas, que há-de vir agora? Logo eu que pensei ficar sempre com ela. Comprei até os eletro e as panelas. Que contas são estas, Cascável? Por que não me alenta? Ah...estas amizades que tenho, só incentivam coisa alguma. E o Maranhão? Me escuta?...ela me escutava, sabia? Adorava ouvir minha épicas passagens acerca dos rios que dão no mar. E também das canas que acabavam no horizonte. E fascinava...ah, estou só! Estou eu e meus pensamentos, indo a canto nenhum...
- Ah, tolo Tito. - em tom enfadado, Maranhão interrompia o Tito - Cala a boca. Todo o rio desce ao mar. Que graça tem as canas na paisagem? E sabe de outra, que acaba com qualquer mistério das tuas lamuriosas perguntas?
"Qual?" - pensou o Tito
- Sim...- e o Cascavel já escutava também ao Maranhão.
- Qual? - perguntou o Tito, ainda sem conseguir articular o maxilar.
- Todos vão embora. O rio, a cana e a namorada. Pelo simples andar dos fatos.
Cascavel voltou aos papeis. Tito calou e sentou ao lado do Maranhão pra ver a corrida de carros. Maranhão cruzou os braços.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Impressões de Januário sobre as coisas da vida e todo o resto
Impressão 4
Numa tarde destas, que custa a terminar, Januário ficava sentado na varanda ao lado do Seu Teodoro.
O sol descia naquele lado onde sempre é mais verde e o céu tinge-se de azul e laranja.
O avô calado, como sempre, parecia estar em outro mundo. Enquanto Januário perscrutava aquelas cores, que não via quando ainda corria. Agora, estava lá.
O silêncio foi quebrado pelo avô:
- Ah, gostei de você, sabe...
E Januário, pego repentinamente, pensou que estava a sonhar. Há tempos que ele desconfiava que avô nem lembrava mais quem era o Januário, neto dele. Muito pela ausência do neto, muito pelo avançar da idade do velho. E também pela falta de qualquer empatia que começara não me lembro quando.
- É, vovô?
Seu Teodoro sorriu:
- Você estava ótimo naquele programa!
E Januário voltou-se à contemplar aquele laranja-azul, com uma sombra no seu rosto...
"Me enganei." - pensou.
Numa tarde destas, que custa a terminar, Januário ficava sentado na varanda ao lado do Seu Teodoro.
O sol descia naquele lado onde sempre é mais verde e o céu tinge-se de azul e laranja.
O avô calado, como sempre, parecia estar em outro mundo. Enquanto Januário perscrutava aquelas cores, que não via quando ainda corria. Agora, estava lá.
O silêncio foi quebrado pelo avô:
- Ah, gostei de você, sabe...
E Januário, pego repentinamente, pensou que estava a sonhar. Há tempos que ele desconfiava que avô nem lembrava mais quem era o Januário, neto dele. Muito pela ausência do neto, muito pelo avançar da idade do velho. E também pela falta de qualquer empatia que começara não me lembro quando.
- É, vovô?
Seu Teodoro sorriu:
- Você estava ótimo naquele programa!
E Januário voltou-se à contemplar aquele laranja-azul, com uma sombra no seu rosto...
"Me enganei." - pensou.
domingo, 15 de agosto de 2010
Impressões de Januário sobre as coisas da vida e todo o resto
Impressão 3
Naquela madrugada, acordou e viu pela janela do quarto [era o único momento em que parava]. A vista, ainda escura, mal podia decifrar o espetáculo. Os ouvidos, sim. Escutou aquela escuridão, apreciando as sílabas dos cantos daquela natureza que passara a noite acordada e as outras sílabas desta natureza que ia acordando junto à ele.
Quando Januário parou naquela madrugada, contemplou. E já especulava algumas notas a cantar...
Naquela madrugada, acordou e viu pela janela do quarto [era o único momento em que parava]. A vista, ainda escura, mal podia decifrar o espetáculo. Os ouvidos, sim. Escutou aquela escuridão, apreciando as sílabas dos cantos daquela natureza que passara a noite acordada e as outras sílabas desta natureza que ia acordando junto à ele.
Quando Januário parou naquela madrugada, contemplou. E já especulava algumas notas a cantar...
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Conto de Fadas
Do alto da última torre do castelo imenso...
Tem a donzela de todos os devaneios,
Com a promessa de sempre
e a beleza estapafúrdia.
Ela nem lembra do mundo,
Ele só a quer! [como sempre a quis]
Não pelo poder, tampouco pela beleza dela.
Havia algo nela.
Além dos dois gigantes e do furioso dragão.
Não estava disposto ao combate,
Tinha em mente a companhia dela,
E não lembraria bem das armadilhas...
Estupidamente, caminhava pela lama do pântano
com o bobo olhar dos desavisados,
Havia algo nela.
Além do coachado dos sapos extasiados.
Não via problema naquela umidade com fedor,
Tinha em mente a companhia dela,
E jamais viria a esquecer o calor que tinha...
A sua espada não era bem aquela digna,
Tem a integridade de mantê-lo vivo...
Devido às circunstâncias.
Afinal, tinha dois gigantes, um dragão [furioso]
e a pastosa lama cheia de sapos.
Havia algo nela.
E ele estava pronto às novas decepções e ilusões.
Seria príncipe dela?
Quem dera...
O que mais queria era a companhia dela.
E viver feliz para sempre.
Tem a donzela de todos os devaneios,
Com a promessa de sempre
e a beleza estapafúrdia.
Ela nem lembra do mundo,
Ele só a quer! [como sempre a quis]
Não pelo poder, tampouco pela beleza dela.
Havia algo nela.
Além dos dois gigantes e do furioso dragão.
Não estava disposto ao combate,
Tinha em mente a companhia dela,
E não lembraria bem das armadilhas...
Estupidamente, caminhava pela lama do pântano
com o bobo olhar dos desavisados,
Havia algo nela.
Além do coachado dos sapos extasiados.
Não via problema naquela umidade com fedor,
Tinha em mente a companhia dela,
E jamais viria a esquecer o calor que tinha...
A sua espada não era bem aquela digna,
Tem a integridade de mantê-lo vivo...
Devido às circunstâncias.
Afinal, tinha dois gigantes, um dragão [furioso]
e a pastosa lama cheia de sapos.
Havia algo nela.
E ele estava pronto às novas decepções e ilusões.
Seria príncipe dela?
Quem dera...
O que mais queria era a companhia dela.
E viver feliz para sempre.
domingo, 8 de agosto de 2010
Impressões de Januário sobre as coisas da vida e todo o resto
Impressão 2
Januário tomou uma resolução.
Nunca mais vai dar músicas suas para nenhuma delas.
Elas vão embora e levam as músicas e Januário fica sem ter o que cantar.
Januário tomou uma resolução.
Nunca mais vai dar músicas suas para nenhuma delas.
Elas vão embora e levam as músicas e Januário fica sem ter o que cantar.
domingo, 1 de agosto de 2010
Impressões de Januário sobre as coisas da vida e todo o resto
Impressão 1
Januário não se explicava mais. Escovava os dentes com pressa. Calçava-se sem amarrar os cadarços e passava a mão nos cabelos. Pegava as chaves sem ver e comia sem desgustar. Tomava o último gole do copo [ou nem isso] e saía à rua correndo. Corria sem parar, sem pensar, sem andar. Corria! Desviava dos buracos em milésimos e alcançava a outra esquina em questão de segundos. O mundo ao seu redor era parado e ele...corria.
Januário não se explicava mais. Escovava os dentes com pressa. Calçava-se sem amarrar os cadarços e passava a mão nos cabelos. Pegava as chaves sem ver e comia sem desgustar. Tomava o último gole do copo [ou nem isso] e saía à rua correndo. Corria sem parar, sem pensar, sem andar. Corria! Desviava dos buracos em milésimos e alcançava a outra esquina em questão de segundos. O mundo ao seu redor era parado e ele...corria.
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