sexta-feira, 11 de maio de 2012

A vida em 24h

Fui concebido um pouco depois da meia noite. Até às 6 da manhã, não sabia eu que estava vivo, contudo já consideravam-me um ser, mimando-me como tal. Às 7, era criança e andava, corria e caía. Às 8, nem cuidava que um dia os meus ossos poderiam quebrar com uma queda ou o queixo abrir-se dolorosamente... aprendi a chorar de dor. Logo às 9, desafiava a vida e entrava na escola. Mal podia me ver crescendo e ao meio dia, depois de aprender todas as operações matemáticas, leis químicas e físicas, todo o reino das plantas e a ler e a escrever como ninguém mais utiliza o português, tive que parar para almoçar, ao mesmo tempo em que escolhia a profissão que ia seguir na vida. Às 13 horas, junto com a faculdade, encontrei a garota por qual me apaixonaria e casaria com ela às 15. Não sem antes ter duas horas de duras provações e também prazerosas noites. Mal podia enxergar o fim de tarde, enquanto me ocupava em fazer crescer a minha família. Às 17, já tinha dois filhos e um emprego há tempos, que me macerava. Às 18, no alvorecer, a vida já não tinha a empolgação anterior de outras horas. Tinha, sim, as conquistas de meus filhos e a velhice a bater a porta na hora do jantar. Eram 19 horas, quando soube que meu pai morria, meia hora depois, morriam meu sogro e mãe, e, às 21, de tanta tristeza, partia a minha sogra. Descobri-me, às 22 horas, cansado demais para continuar o trabalho no dia posterior e pedi minha aposentadoria. Às 20, devo mencionar, vi um de meus filhos casar-se e separar, o outro já casava e me fazia avô. Num espaço de quinze minutos, me encantei com meu neto... e aceitei que já não tardava e meu dia ia chegar ao fim. Três horas depois de estar com meu neto no quintal de casa, estaria na cama. Minha esposa já não acordaria mais e dormia numa tranquilidade inabalável. Apaguei a última luz do quarto e respirei pela última vez no dia...

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