Acontece que estou com Osvaldo, o salvador de vidas. E isso justifica toda a minha ausência.
Estávamos em algum lugar perto da Ásia.
Noite já alta.
Osvaldo, salvador que é, assistia mais uma enfermidade da vila. Não discursava há tempos. Apenas atendia e nada dizia. Eu não conseguia nem dialogar com ele, apenas frases triviais e rotineiras. Quando acabou de salvar mais uma vida, foi ao pátio e fui junto, carregando a sua maletinha [que nunca abri].
Parou. Olhou para o céu. Com mais estrelas do que antes. Com mais estrelas do que nunca.
- É lindo! - disse.
Concordei com um menear.
- É lindo! É incrível!... - repetia.
Voltei os olhos para o céu e fiquei pasmo. Estava o céu de sempre... intocável. Incrivelmente negro e banhado, eram tantos pontos azuis e brancos...
Houve mais um momento de silêncio. Desta vez, interrompido mais cedo que os últimos dez dias, Osvaldo falou:
- Estou perplexo. O lugar mais bonito do mundo é o único que nunca vou visitar.
E apontou para o céu, como se fosse um destino provável e ao mesmo tempo improvável.
Eu não compreendi. Logicamente, calei-me, porque quando o salvador fala, eu nada contesto.
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