segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

E-mail de Osvaldo [e estou de à São Tomé]

Quando chego em São Tomé, abro minha caixa de mensagens e lá está, assim em negrito [pois é mensagem não lida], Osvaldo de Mádraga.
Nem vejo mais os outros e vou direto à isso:

"Caro Simão,

Sei que minha repentina decisão foi nada elegante..."

Nisso, falei com a tela: - Tem razão.
Continuo:

"...mas, é que devo te confessar que não suportava mais ter que te trazer comigo."

- Mas, que filho duma...
Parágrafo seguinte:

"É que julgo que és uma pessoa tão talentosa e que não deve seguir em sombra de alguém [sic]. Sabe, não sou uma lenda, como tu andas escrevendo e dizendo para o mundo. Não reprimo, contudo, que me vejas assim. Afinal, quem é que não gosta de ser elogiado [sic]. Mas, dizia... não sou uma lenda. Não sou um salvador coisa nenhuma. Já me expliquei o que faço e já te disse também, não vou perder meu tempo tentando fazê-lo aqui.
O fato é que digo o óbvio, como até tu havia verificado em uma de nossas raras conversas. Digo o que a pessoas [sic] querem ouvir, nada do que digo é o que elas precisam ouvir. Sou desnecessário, uma bobagem sem finalidade. Porém, sou a vontade. Uma pífia palavra ou atitude já previsível a qualquer ser humano frente ao que vimos, porém o que a pessoa quer. Enfim, é isso.
Não sejas tolo e fique à sombra de mais ninguém. Soube da Lívia e sei dela mesmo que ainda há sim toda a saudade de ti. Ela não te entende. E tu não me parece com algum esforço de se fazer claro. É bom que te faça logo, antes que o tempo trate de tornar uma claridade nada triunfal.
Volta à tua ilha. Reflete um pouco. Veja bem o teu horizonte. Olha a casa que tu tens. Na verdade, Simão, tu tens um talento incrível! E há também, muitos que dizem de ti, não fazes ideia. Eu estou admirado com que tu és pelas palavras de outras pessoas e não de ti mesmo.
Fica aqui o meu agradecimento pela tua companhia. Mas, fica também, o meu conselho. E, talvez, eu realmente salve uma vida, a que mais quero - a tua.

Atenciosamente,

Osvaldo de Mádraga."

- E o idiota diz que fala o que as pessoas querem ouvir. Além de tudo, sabe nem escrever. Vai plantar batatas, Osvaldo! - resmunguei para o monitor.

[haja vista a quantidade de sic que coloco, para já enfatizar como e o que foi que eu li]


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